sábado, 30 de agosto de 2014

Eu contrato um marceneiro, se você quiser!

Me afastei em nome da minha sanidade mental e de tudo que eu julgava saudável pro meu coração. Tive que ir embora, mesmo querendo ficar. Por pouco eu não te disse que se você andasse meio centímetro na minha direção, possivelmente, eu não teria aberto aquela porta. Mas eu já nem sei se era preciso mesmo dizer qualquer coisa. Você sabia que qualquer coisa que fizesse, me faria ficar. Se você me falasse que tudo ia ser diferente, que você seria mais presente, se conseguisse tirar todos os meus traumas, ou até se me chamassse pra assistir aquele filme de terror que eu odeio... Acho que qualquer coisa que você fizesse, me faria ficar! É, vai ver eu perdi o meu orgulho, a vergonha na cara e todas essas coisas que as revistas femininas dizem que a gente não pode perder quando tá se envolvendo com alguém. Perdi orgulho, medo, vergonha... Eu só não perdi a vontade de ter você na minha vida.

Tá bom! Eu sei que fui eu que vim embora, batendo a porta, daquele meu jeito explosivo de encarar as nossas discussões... Mas você sabe que eu sou complicada o suficiente pra fazer uma coisa, querendo fazer outra. Então acho que deveria me dar algum crédito, mesmo que eu nem mereça. E por incrível que pareça, eu juro que o barulho daquela porta batendo, é a coisa que mais ecoa na minha cabeça toda noite quando eu vou dormir, e não escuto mais sua voz me desejando boa-noite. Mas eu sei, fui eu que vim embora... Já te disse que sou covarde, né? Não sei o que é pior, ser covarde ou perder totalmente o meu orgulho e vim aqui escrever pra você.

Fui embora e deixei todas as minhas coisas na sua casa. Deixei aquele vestido que você odeia, deixei aquele meu caderno que eu anotava tudo, deixei os ingressos daquele show que a gente nem conseguiu ir, deixei metade da minha cabeça, metade do meu coração... Sempre ouvi dizer que quando você rompe com alguém, você precisa levar tudo embora. E eu fico todo dia me perguntando, quando é que eu vou ter coragem de voltar pra pegar minhas coisas com você. Talvez você me peça pra ficar de novo, ou não! E acho que é por isso que eu não volto pra pegar minhas coisas. Eu tenho medo de você ter refeito sua vida, e não precisar mais de mim. Medo de ouvir você dizendo que eu perdi o controle rápido demais, pra quem queria viver o resto da vida com você.

Já falei que tenho trauma de portas batendo, né? Cada vez que escuto uma porta batendo, lembro de você e da forma intempestiva de como eu levo minha vida. Cada vez que eu escuto uma porta batendo, eu penso em quantos corações já se separaram ao som desse barulho. Cada vez que eu escuto uma porta batendo, eu sinto uma vontade absurda de te ligar e pedir, por favor, pra você relevar o jeito que eu fui embora da sua casa. Sei lá, nós já batemos tantas vezes as portas da sua casa... Mas agora tá demorando pra passar e você me ligar de novo. Eu juro que contrato um marceneiro pra refazer a porta do seu quarto. Aquela mesma porta que eu bati nas férias de Dezembro passado - porque nós discutimos por algum motivo idiota que eu nem me lembro agora. Eu contrato um marceneiro, se você disser que vai me ligar hoje a noite.