segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Seu Zé.


O seu Zé tá achando que eu mudei. Todo dia na hora que eu to saindo de casa, umas nove horas (por aí), ele abre logo o maior sorriso pra mim e me pergunta se-eu-vi-o-passarinho-verde. Eu retribuo o sorriso, digo que-não e continuo andando como se a vida fosse leve. Espera! A vida é leve.

Sabe, eu demorei muito tempo pra me dar conta disso. Eu passei boa parte da minha vida, tropeçando em obstáculos que eu mesma criava, e sabe-se lá Deus, porque eu fazia isso. E o seu Zé, sempre me via passar chorando ou reclamando da vida. Lembro que toda noite, ele me oferecia um chá, e dizia calma-menina-ele-vai-voltar. Mas as vezes nem tinha a ver com amor não, sabe? Às vezes era só um vazio estranho que eu não sabia de onde vinha, mas o seu Zé, sempre achava que era problema de amor. Uns até eram, mas outros não. 

Lembro de uma vez que eu terminei um desses casos vai-volta e o seu Zé disse que ele voltava. Mal sabia ele que eu tinha terminado porque precisava viver minha vida sem o tal do cara enrolado. Aí teve outro episódio, que o meu melhor amigo apareceu no meu apartamento altas horas da noite, pra contar que tinha terminado com a namorada dele, e no outro dia, o seu Zé já pensou que ele era mais um da lista de casos que não davam certo na minha vida.

Aí nesses dias que eu tô muito feliz, ele fica achando que eu arrumei um namorado novo ou que o meu ex resolveu me querer de volta. E eu fico pensando no que falar pro seu Zé!

Devia falar que minha felicidade não tem nome, não! Ela é só felicidade e ponto! Felicidade de estar viva, depois de tudo. Felicidade de poder fazer o que eu quero, quando eu bem entendo. Sabe... É felicidade por ter tomado as rédeas da minha vida a tempo. Saber que eu estou vivendo da maneira que eu sempre quis viver, mas não sabia! Felicidade por ser quem eu sou, entende? E não precisar de ninguém pra que isso aconteça... Não tem nada a ver com namorado não, seu Zé.